Handmades

Olá amigos. Hoje venho demonstrar mais um pedal raro fabricado no Brasil em 1982 e que não encontrei informações nenhuma sobre.
É um overdrive fabricado pela marca INTERLUDE, cuja fábrica ficava em São Paulo na rua Cardeal Arcoverde n°137.
Este é o Overdrive da primeira versão que a marca fabricou (na internet encontrei fotos de uma linha com design mais modernos desta marca).
Ele possui caixa metálica, controles de volume, tone e drive, conector de fonte padrão Boss, conector interno para bateria 9v tipo clip, originalmente não possuía LED indicativo de efeito ligado (eu instalei em 1985) e tinha uma curiosidade peculiar: É, praticamente, uma convenção o Input de pedais de efeito serem do lado direito do observador e o Output ser do lado esquerdo mas este pedal em questão vinha de fábrica com ambos invertidos de lado, o que dificultava muito quando usado em cadeia com outros pedais (eu também modifiquei isso em 1985 e deixei no modo padrão).
Eu usei muito esse pedal entre 1984 (ano que o comprei usado de um amigo) e 1990.
Ele tem um som muito muito bonito, soa muito bem mesmo! Tem um controle de volume muito preciso e o nível de ruído é bem baixo!
Ele estava aposentado e guardado há 35 anos já e recentemente tive a ideia de restaurá-lo e deixá-lo totalmente funcional novamente.
Aproveitei para satisfazer uma curiosidade muito antiga que era olhar o esquema elétrico
para entender de onde vinha o som que eu gostava tanto, então durante o restauro, tirei o esquema, já que não encontrei em lugar nenhum na internet.
Após desenhar o esquema pude notar que trata-se, praticamente de um BOSS SD-1 com algumas pequenas modificações que afetam um pouco o timbre.
Os valores dos potenciômetros de Tone e Volume também são diferentes em relação ao BOSS.
Seguem algumas fotos e o esquema elétrico.

(https://i.postimg.cc/LsjqfrfQ/INTERLUDE-OVERDRIVE-b.jpg)

(https://i.postimg.cc/qRLzDy18/INTERLUDE-OVERDRIVE-CONEX-ES.jpg)

(https://i.postimg.cc/mkghvknK/INTERLUDE-OVERDRIVE.jpg)

(https://i.postimg.cc/wTbsd5g2/INTERLUDE-LOGO.jpg)

(https://i.postimg.cc/tJqV92sS/INTERLUDE-OVERDRIVE.jpg)

A rua Cardeal Arcoverde é próxima e paralela à rua Teodoro Sampaio, que é a rua das lojas de instrumentos musicais, provavelmente o fabricante tinha essa influência.
Se puder, poste fotos da placa de circuito impresso com close nos componentes, pra ver a qualidade da construção.

Também gostaria de ver fotos internas tanto desse quanto do outro pedal !

Talvez eu tenha fotos da placa mas creio que não tão detalhadas pois foram feitas mais a título de registrar conexões para não haver confusões na remontagem do que para registrar detalhes.
Do Vetron também.
Vou olhar se tenho algo.
Os componentes são de ótima qualidade, ainda mais se levarmos em conta "Brasil 1982".
O CI é Texas, capacitores poliéster tipo "zebrinha", potenciômetros Constanta (ainda até hoje são os originais e estão absolutamente perfeitos), transistores parecem ser da Ibrape (Philips Brasil), muito comum na época, jacks J10 padrão Boss (ainda originais de fábrica), eletrolíticos Siemens Brasil).
Já a montagem é o padrão Brasil da época, criatividade em primeiro lugar 😂.
De qualquer forma o projeto se mostrou muito durável e plenamente funcional. Este aqui foi muito usado mesmo!

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Aos amigos que pediram fotos da placa, aqui vão duas que encontrei perdidas nos arquivos.
Infelizmente só fiz essas quando ele estava desmontado.

(https://i.postimg.cc/t4DNkbm2/PCB7.jpg)

(https://i.postimg.cc/0NQdH4Tx/PCB6b.jpg)

Já matou a curiosidade. Interessante ver o layout do circuito impresso, da época que o roteamento era manual e provavelmente era feito por serigrafia.
Os potenciômetros eram aqueles de bastão de nylon, que a gente cortava. Também tem capacitores "tropical fish"  de listras coloridas, que não existem mais.

Legal ver a soluções que deram pra certos problemas naquela época ! No entanto o corte das hastes dos potenciometros merecia sim um maior capricho

Mas depois de montados, não fazia a menor diferença... Os knobs são de parafusos e podem ser ajustados para que todos fiquem na mesma altura...
Era o que se tinha na época... :D :D :D
Eram produtos onde muita "arte manual" ainda era empregada...

Eu cortava a haste com alicate de corte, haja mão forte.  :D  o plástico é mais mole e flexível.

Havia um temor de se usar serra de arco, porque a vibração poderia estragar o potenciômetro.

Eu também cortava (e ainda corto) com alicate de corte!!! 😂.
No caso do Vetron, um dos potenciômetros (volume) teve que ser substituído pois a pista estava trincada. Eu ainda tinha potenciômetro novo, original "Constanta" e do mesmíssimo modelo!
Tive que cortar a haste na medida.
Uma curiosidade sobre os knobs do Vetron é que eles não são nem de chanfro e nem estriados e nem de parafusos. Eles entram "com pressão" nos eixos plásticos redondos dos potenciômetros e o pior é que fixam muito bem!!!
Como diria o Pica-pau, "em todos esses anos nessa indústria vital, essa é a primeira vez" que vi esse tipo de inob. Eles são muito bonitos, muito bem feitos e bem acabados, são pesados e ainda tem uma micro seta protuberante para apontar valores da escala.
Jamais, nem mesmo na época, vi desses para vender!

Fazem sim, há pessoas mais exigentes que as outras mesmo isso não fazendo diferença alguma no som

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E de fato estragam ! Já consegui estragar vários assim justamente porque queria um corte mais decente

Sim amigo mas essa é uma realidade ATUAL!
Em 1982 (e eu vivi aquela época), num país onde IMPORTAR era ilegal, onde existia uma lei de protecionismo de mercado em relação a tecnologia, o que, praticamente, proibia empresas de fora em atuar aqui, numa realidade econômica bem diferente, num país onde as dificuldades de se conseguir equipamentos razoáveis que fossem, já era muito muito difícil (até para gente famosa ou com um razoável poder aquisitivo), essa "exigência" não se fazia presente na enorme maioria dos casos. A enorme maioria das pessoas naquela época só compravam e usavam, é o que tinha! Nem sonhavam se tinha uma haste de potenciômetro serrada embaixo do Knob ou não... Muito diferente de hoje, cujo nível de informação (e de interesse) é gigantesco, a maioria dos músicos tem, ao menos, uma vaga ideia da construção do pedal, seu funcionamento, etc...  Na época era muito diferente... Muito mais precário...