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Fórum Geral => Lata Velha => Tópico iniciado por: A.Sim em 08 de Maio de 2020, as 12:03:27



Título: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 08 de Maio de 2020, as 12:03:27
Olá.

Junto com as máquinas que adquirimos para montar a nova fábrica, veio uma pequena bobinadeira, muito simpática, que atende pelo nome de "G. Vozáry", o qual foi um fabricante de "taxímetros, velocímetros, marcadores e machinas de enrolar transformadores ( Correio Paulistano, 27/06/1937 )" localizado à Rua Ipiranga, nº 412 em São Paulo. Claro, não há mais nada dessa fábrica nesse endereço...

(https://i.postimg.cc/sXc0kDXk/DSC05572.jpg) (https://postimg.cc/0Mzfmv7n)

A máquina veio em péssimo estado. Foi usada até a exaustão sem praticamente ter sido feita qualquer manutenção outra além de receber infinitas camadas de tinta verde ao longo dos anos. Ela tem uma caixa Norton de dez engrenagens para selecionar o passo do enrolamento, que vai de 0,07 mm até cerca de 1 mm.

(https://i.postimg.cc/FK06xxQs/DSC08339-red.jpg) (https://postimages.org/)

Nós estamos reformando a máquina, e ela já está se sentindo bem melhor, obrigado. Apesar de não ser uma bobinadeira industrial, ela se parece muito com as bobinadeiras Goller ( que também usam caixa Norton ). Devido ao seu tamanho reduzido, estamos pensando em destiná-la à fabricação de bobinas pequenas, que são difíceis de fazer nas outras máquinas que possuímos. Dá até para acoplar uma manivela na polia de acionamento e fazê-la funcionar manualmente.

Pergunto aos colegas se alguém pode dizer algo mais sobre essa máquina e seu fabricante.





Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: Matec em 08 de Maio de 2020, as 12:22:59
Interessantíssima essa bobinadeira, e pela sua descrição, robusta e durável. Uma verdadeira relíquia! Com certeza eu nunca ouvi falar desse fabricante, mas aguardo as fotos do processo de restauração.  
Boa sorte!.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 08 de Maio de 2020, as 21:49:58
Encontrei uma referência a Géza ( G.) Vozáry, imigrante húngaro, em http://www.netnagyiklub.hu/wp-content/uploads/2019/01/Abel-a-holtag-ban_Braziliai-magyarok.pdf . O texto está em húngaro, mas para isso existe o tradutor...


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 09 de Maio de 2020, as 09:28:09
Citar
Ela tem uma caixa Norton de dez engrenagens para selecionar o passo do enrolamento, que vai de 0,07 mm até cerca de 1 mm.

E de quanto será a resolução incremental do passo ? Isto é, de quanto pode ser aumentado de 0,07 a cada ajuste até 1mm.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 09 de Maio de 2020, as 12:01:20
Olá.

Os passos até são bem distribuídos. Junto com a máquina veio uma tabela:

(https://i.postimg.cc/tgPkSDZc/Tabela-G-Vozary.jpg) (https://postimages.org/)

Eu contei os dentes das engrenagens e compus uma tabela com 91 passos diferentes, nenhum coincidente - apesar de próximos - aos os indicados na tabela acima. Quando ela estiver operacional, será possível medir o avanço por volta e tirar a dúvida sobre qual tabela é a correta.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 09 de Maio de 2020, as 17:44:44
Entendi, até um certo diâmetro a resolução é de 0,005mm, a partir de um certo ponto passa para resolução de 0,01mm.  Espero que as engrenagens do mecanismo estejam íntegras e bem lubrificadas (apesar da falta de manutenção que houve).
Interessante um fabricante de taxímetros também fabricar uma máquina dessas. Tirando o contador mecânico que é comum aos dois equipamentos, internamente o taxímetro deve ser muito mais simples.
Sobre o endereço citado, olhando no Google Street View, é um local que aparentemente parece uma pequena fábrica (mas sem qualquer placa ou indicação), apesar de hoje estar em um bairro residencial. É próximo ao aeroporto de Congonhas.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 09 de Maio de 2020, as 18:48:54
Tirando a tampa e o painel frontal, dá para ver duas engrenagens com os dentes bem ralados. Por sorte, o que sobrou dos dentes ainda permite o engrenamento. A alavanca seletora frontal foi quebrada em algum momento do passado mas, por sorte, o pedaço faltante foi guardado e veio junto com a máquina.

(https://i.postimg.cc/fT58VZPT/DSC08358.jpg) (https://postimg.cc/F7dyqtm2)

Vista do outro lado; dá para se ver o contador.

(https://i.postimg.cc/8C7X83tk/DSC08357.jpg) (https://postimg.cc/KKyDB06C)

Tirando a polia de acionamento, foi possível descobrir o lugar de uma engrenagem que veio avulsa com o material que acompanhou as máquinas.

(https://i.postimg.cc/J0pjz7zf/DSC08360.jpg) (https://postimg.cc/ct8vDSYh)

Desmontando a máquina mais um pouco, foi possível descobrir o problema dela e a razão da retirada da engrenagem: três engrenagens da árvore principal da caixa Norton desenroscaram de suas posições no eixo e trancaram o mecanismo. A retirada da engrenagem mostrada na foto anterior desativou o passo automático e permitiu que a máquina seguisse sendo usada para enrolar fio guiado à mão. Chicote na coitadinha!

(https://i.postimg.cc/YCWLJzQK/DSC08370.jpg) (https://postimg.cc/Wds4Zr9X)

É possível observar que o eixo da árvore está torto...teremos um bom problema pela frente...


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 10 de Maio de 2020, as 10:17:45
Bons tempos em que as coisas eram feitas de metal  e não de plástico. Até o tambor dos dígitos do contador eram de metal com os números em baixo relevo.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 10 de Maio de 2020, as 12:03:09
Seguindo a desmontagem: o mecanismo de reversão. Nessas máquinas existe um fuso que movimenta o carro que suporta o conjunto que guia o fio. O sentido de rotação do fuso é controlado por duas catracas que giram em sentidos opostos. Um flip-flop mecânico seleciona a catraca que aciona o fuso, controlado por uma haste que suporta dois batentes, que limitam a excursão do carro em cada um dos sentidos.

(https://i.postimg.cc/5tDrnH6p/DSC08371.jpg) (https://postimg.cc/GBJzpmPs)

As engrenagens à esquerda acionam as catracas. A maior aciona a catraca esquerda diretamente, enquanto que a menor aciona a catraca direita em sentido oposto, graças à engrenagem intermediária, visível logo acima.

(https://i.postimg.cc/m2q7c7qd/DSC08375.jpg) (https://postimg.cc/2VQ1MLCv)

As catracas ainda montadas na ponta do fuso, prestes a serem desmontadas, onde se pode ver os dentes de acoplamento.

(https://i.postimg.cc/bvfbgpqk/DSC08392.jpg) (https://postimg.cc/FYG7stdH)

Graxa patente é coisa que não falta nesse mecanismo. Nessas fábricas de concepção antiga, é cultura dos funcionários super-lubrificarem as máquinas na tentativa de prolongar a vida útil das mesmas. Excesso de graxa e óleo não ajuda nada, especialmente quando a graxa é do tipo patente, que endurece com o tempo. Nós só usamos graxa à base de lítio, que dura "para sempre", com bastante parcimônia. Foi necessário usar cerca de cinco litros de solvente, em quatro lavagens sucessivas, para remover toda a meleca das peças. As infinitas camadas de tinta foram retiradas com removedor de tinta.

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Detalhe do carro e dos batentes. O fuso gira dentro do tubo sobre o qual o carro desliza. A alavanca que se vê em primeiro plano permite desengatar o carro do fuso. Os batentes que delimitam os pontos de reversão são os dois pequenos cilindros de ferro que estão montados sobre a haste metálica que atravessa o carro da esquerda para a direita. Os batentes são presos à haste através de parafusos; pode-se ver a precariedade da fixação dos mesmos. E assim segue funcionando a indústria brasileira...

(https://i.postimg.cc/PxD8wqLB/DSC08342.jpg) (https://postimg.cc/DJ2ZVnPg)

O "ponto" onde se coloca a forma de madeira ou metal que suporta o carretel onde o enrolamento será executado.

(https://i.postimg.cc/hj0c6FNX/DSC08343.jpg) (https://postimg.cc/cg6ptzxW)

O "contraponto" que apoia a forma na outra extremidade. A manopla na extremidade da haste permite efetuar a reversão do movimento do carro manualmente. Tudo bem enferrujadinho e perfeitamente funcional.

(https://i.postimg.cc/R07BJ5Sg/DSC08340.jpg) (https://postimg.cc/FfHqw6JS)


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 12 de Maio de 2020, as 20:09:55
Seguindo: o eixo da árvore principal estava razoavelmente torto, como se pode ver abaixo. Mas um aluno meu tem uma ferramentaria, e desentortou o eixo com maestria. Fica aqui registrado o meu agradecimento ao Thiago. Nada como conhecer as pessoas certas !

(https://i.postimg.cc/d3BHxrvP/DSC08395.jpg) (https://postimages.org/)

A alavanca que estava quebrada foi consertada utilizando-se um inserto rosqueado.

(https://i.postimg.cc/fRXXWZtk/DSC08427.jpg) (https://postimages.org/)

(https://i.postimg.cc/bvhnsMkg/DSC08428.jpg) (https://postimages.org/)

O chassis da máquina, devidamente limpo das infinitas camadas de tinta, recebeu o acabamento standard #2 ( washprimer/fundo PU/tinta PU ) em azul Schatz. O tubo sobre o qual o carro se desloca foi fosfatizado e os dois painéis de inox polidos. O primeiro resultado da remontagem da máquina é mostrado abaixo.

(https://i.postimg.cc/Wz3gskgP/DSC08429.jpg) (https://postimages.org/)


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 13 de Maio de 2020, as 20:17:50
Chegou a hora de dar um tratamento nos algarismos do contador. Os tambores numerados foram mergulhados em thinner para remover a tinta do baixo-relevo dos algarismos. foram dadas três camadas generosas de esmalte de unha vermelho-vermelho. Quem já teve a experiência de comprar esmalte de unhas para esse tipo de aplicação sabe como é difícil achar cor padrão na loja: tem infinitos tons de cada cor, mas cor "cor", ah, essa não tem. A foto mostra o procedimento acontecendo:

(https://i.postimg.cc/RZySgDNj/DSC08432.jpg) (https://postimages.org/)

Após o esmalte secar, prende-se o tambor pintado na furadeira e, em baixa rotação, remove-se o excesso de esmalte com lixa d'água. A lixa se encarrega de polir o tambor de latão, deixando um acabamento muito vistoso. Abaixo, os tambores prontos para serem montados.

(https://i.postimg.cc/QMc30xLT/DSC08434.jpg) (https://postimages.org/)

Os painéis de aço inox também têm números gravados, e receberam esmalte no baixo-relevo também:

(https://i.postimg.cc/RhZxS7W7/DSC08435.jpg) (https://postimages.org/)





Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 13 de Maio de 2020, as 20:21:38
Alexandre, você sabe o ano de fabricação dessa máquina ?


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 13 de Maio de 2020, as 20:51:18
Alexandre, você sabe o ano de fabricação dessa máquina ?

Pois é, xformer...não faço a menor ideia.

A máquina é uma salada de peças em aço, bronze, latão e algumas peças são cromadas. O aspecto da máquina, quando nova, deve ter sido muito bonito. A remoção das infinitas camadas de tinta revelou as peças cromadas, cujo brilho retornou após a aplicação de polidor e bastante braço. Entretanto, com o uso extensivo que a máquina teve, decerto nas mãos de operadores cuidadosos, o cromado de algumas peças ficou bastante comprometido. Esse foi o caso do carro da máquina e do suporte do contraponto. Após tentar vigorosamente restaurar o brilho do cromado sem que fosse possível obter um resultado satisfatório, optou-se por aplicar o acabamento standard #3 ( fundo epoxi + tinta PU ). A pintura em preto faz um bonito contraste com o azul e essa foi a cor escolhida. As hastes de ferro, completamente enferrujadas, foram tratadas com o fosfatizante:

(https://i.postimg.cc/yYhpQgWB/DSC08436.jpg) (https://postimages.org/)

A montagem do contador pediu pelo botão de zeramento, que não estava na máquina. Eu fui à procura dele nas caixas de peças avulsas, mas não o encontrei. Entretanto, achei os guia-fios ( são dois ), dos quais só montarei um. Claro, eles estão em péssimo estado, com uma camada generosa de sujeira, óleo, graxa, sebo da mão e, pasmem, Araldite lenta ( algum funcionário raivoso respingou Araldite por cima dos guia-fios em eras pregressas ). Olhem o estado do coitadinho que escolhi recuperar:

(https://i.postimg.cc/TwWCrhBz/DSC08437.jpg) (https://postimages.org/)

Por sorte, o cromado da peça está bem conservado. Removendo toda a meleca acumulada e os pingos de Araldite, o polidor fez milagres no cromo. Agora, o guia-fio se sente bem melhor:

(https://i.postimg.cc/C5G7QXhJ/DSC08438.jpg) (https://postimages.org/)


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 14 de Maio de 2020, as 12:01:25
Restauração primorosa em curso, Alexandre.  Não duvido que o resultado final será uma máquina com aparência de novinha em folha e plenamente funcional.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 15 de Maio de 2020, as 14:30:36
Com a desmontagem dos tambores do contador, os algarismos ficaram fora de posição quando o contador foi finalmente montado. Cada tambor tem uma mola plana com duas linguetas que formam uma catraca com uma peça circular dentada, através da qual é feito o avanço do contador a cada dezena contada no tambor anterior. A catraca é necessária para possibilitar o zeramento do contador, que é feito girando-se o eixo sobre o qual os tambores são montados. Como cada mola é única ( foram cortadas à mão - que tecnologia ! ) elas têm tamanhos diferentes, exigindo regulagens diferentes. Após o ajuste cuidadoso de cada uma das molas, foi possível restaurar o funcionamento correto do contador. O botão de zeramento foi perdido, mas o Thiago veio novamente em meu auxílio e fez um botão novo, que ficou muito bom.

(https://i.postimg.cc/NFxB23LH/DSC08441.jpg) (https://postimages.org/)

Na máquina, da forma como me foi entregue, havia um segundo contador acoplado ao eixo principal, o que me faz pensar que esse contador não funcionava mais. Com a reforma, ele volta a ser completamente operacional.

Chegou a hora de começar a fechar a máquina. O primeiro passo foi montar as engrenagens da árvore principal de forma definitiva. A árvore foi desmontada, as laterais das engrenagens foram lixadas para deixá-las perfeitamente planas e depois lavadas com solvente para remover o pó da lixa e do metal. Com o eixo também rigorosamente limpo, as engrenagens foram rosqueadas e apertadas "até verter água" ( eheh, nem tanto... ), uma a uma. Por fim, o contra-anel rosqueado, que trava o conjunto de engrenagens, foi rosqueado e apertado dentro do mesmo critério. Como último passo, foi inserido um pino elástico para impedir definitivamente de o anel ser desenroscado. Todo esse cuidado foi necessário para evitar, de forma permanente e definitiva, que o conjunto de engrenagens possa se desenroscar novamente e causar novo empenamento no eixo. Aliás, foi a falta do pino elástico que causou todo o problema. O contra-anel até estava furado, mas o furo passante no eixo não foi feito e o respectivo pino metálico não foi colocado ( na época não usavam os modernos pinos elásticos...). O resultado desse esquecimento pode ser visto há algumas fotos atrás...

(https://i.postimg.cc/xTkjj1Sw/DSC08442.jpg) (https://postimages.org/)

Quase tudo montado na caixa de engrenagens da máquina. Uma última foto antes de colocar o painel frontal...

(https://i.postimg.cc/5tpWqhV5/DSC08443.jpg) (https://postimages.org/)

Agora sim, tudo montado esperando a tampa. A colocação da tampa será o último passo, depois de lubrificar a máquina com parcimônia com óleo e graxa à base de lítio.

(https://i.postimg.cc/66FqvvzW/DSC08444.jpg) (https://postimages.org/)

Os parafusos originais que prendiam as tampas são de cabeça cônica, e estão "daquele jeito", além das bordas das cabeças ficarem salientes. Para evitar isso, utilizei parafusos Allen, que deram uma modernizada no visual da máquina.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: Rafa em 15 de Maio de 2020, as 20:38:13
Trabalho bacana!
Belo resgate de uma máquina que conta uma história de um passado de imigração (provavelmente húngaro o nome) e industrializaçãodo Brasil.
 (brav) :tup


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: daniel_tubes em 15 de Maio de 2020, as 21:59:25
A.sim, qual o tipo de motor que essa máquina usa?
Qual seria a rotação ideal para ela trabalhar?

At Daniel


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: Questão em 16 de Maio de 2020, as 01:57:24
  É engraçado como isso me faz lembrar algumas ficções em futuros distópicos, onde a tecnologia regrediu e as pessoas precisam manter em funcionamento as máquinas fabricadas no auge do antigo império galático. Sensacional o trabalho de restauração, parabéns!


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 16 de Maio de 2020, as 06:14:18
Voltei o título antigo na primeira mensagem do tópico para que não fique com mensagens com títulos diferentes no mesmo tópico.  Alterar o título da primeira mensagem não altera os títulos das mensagens subsequentes que já haviam sido postadas, apenas terá o novo título adotado pelas mensagens postadas após a modificação do primeiro título.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 16 de Maio de 2020, as 12:17:39
A.sim, qual o tipo de motor que essa máquina usa?
Qual seria a rotação ideal para ela trabalhar?

A máquina estava montada em uma mesa feita de pinus, completamente tomada de cupim ( capaz ! ) e pintada com infinitas camadas de tinta verde. O motor era de indução, "grande", com embreagem mecânica acoplada ( não lembro a potência, precisaria olhar ) e, com certeza, com muito mais potência do que a máquina precisa. Ela pode ser movida por um motor de máquina de costura, que inclusive vai proporcionar o pedal para controle da rotação, que vai depender da bobina que se está executando.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: kem em 16 de Maio de 2020, as 12:22:54
A máquina estava montada em uma mesa feita de pinus, completamente tomada de cupim ( capaz ! ). O motor era de indução, "grande", com embreagem mecânica acoplada ( não lembro a potência, precisaria olhar ) e, com certeza, muito mais potente do que a máquina precisa. Ela pode ser movida por um motor de máquina de costura, que inclusive vai proporcionar o pedal para controle da rotação, que vai depender da bobina que se está executando.
Mas motor de máquina de costura porque você pretende usa-la pra enrolar os transformadores pequenos né?
Se fosse pra transformadores maiores teria que ser um motor maior, certo?


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 16 de Maio de 2020, as 12:35:24
Olá.

Não é o tamanho da bobina que determina a potência necessária do motor, mas o produto diâmetro da bobina x bitola do fio, que estabelece o torque necessário para enrolar o fio. O eixo principal da máquina é bastante robusto, mas dado que o passo máximo é de 0,97 mm ( algo entre o fio 20 e o 19 ) pode-se inferir que a máquina foi construída para enrolar transformadores de potência relativamente restrita. Não acredito que seja necessário mais do que a potência de um motor de máquina de costura, até porque a redução na velocidade de rotação ( e aumento no torque ) será bastante grande. A polia de acionamento da máquina tem uns 15 cm de diâmetro e a polia do motor da máquina de costura tem apenas 2 cm de diâmetro. Com certeza, haverá torque disponível para enrolar bobinas de bom tamanho com o fio 20, ou mesmo com fio mais grosso.

Eu pretendo usar a máquina para enrolar bobinas com carretéis menores do que 13 x 13 e bobinas com poucas espiras e muita manipulação, como as de indutores para divisor de frequências ( nova linha da Schatz ! ) e as de transformadores para fontes chaveadas.  A possibilidade de acionar a máquina à mão com manivela é uma grande vantagem nesses dois últimos casos.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: kem em 16 de Maio de 2020, as 12:42:04
Bom... nunca vi uma bobina grande ser enrolada só com fios finos, mas você tem mais experiência...


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 16 de Maio de 2020, as 12:46:59
Bom, por essa razão é que ela será destinada a serviços específicos em nossa produção. Não é uma máquina industrial capaz de lidar com fios do 44 ao 8.

Bobina "grande" que pode ser enrolada na G. Vozáry: TS 100.60.A, que usa carretel 32 x 45 e o fio mais grosso é o 20 AWG.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: kem em 16 de Maio de 2020, as 13:33:30
E parabéns pela recuperação.
Eu tenho 2 pedias de guitarras guardados a quase 25 anos que se tornaram raros, mas por eu morar em Santos (pense bem em ir pra Peruibe) eles enferujaram na parte de fora, apesar de estarem perfeitos na parte de dentro.
O problema é que a recuperação de um pedal desses tem que ser feita com muito cuidado, deixando o pedal igual ao que ele vem de fábrica.
Essa sua recuperação da bobinadeira me inspirou. Vamos ver se eu dou conta.
Novamente... Parabéns!!!


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 16 de Maio de 2020, as 18:50:30
Alexandre, uma dúvida que ficou e que não consegui esclarecer só olhando para as fotos: o que se mexe com o avançar dos passos é a guia de fio ou o prendedor do carretel ?  E de quanto é o curso lateral que também determina o tamanho máximo do carretel (i.e. qual a largura máxima da camada de enrolamento) ?


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 16 de Maio de 2020, as 19:19:48
Alexandre, uma dúvida que ficou e que não consegui esclarecer só olhando para as fotos: o que se mexe com o avançar dos passos é a guia de fio ou o prendedor do carretel ?  E de quanto é o curso lateral que também determina o tamanho máximo do carretel (i.e. qual a largura máxima da camada de enrolamento) ?

Renato, o carretel não se move; ele fica fixo na forma de madeira, que é preso entre o ponto e o contraponto ( que não se movem lateralmente durante o enrolamento ). Quem se move é o guia-fio, que vai montado na barra horizontal que está presa no carro, na parte de trás ( as fotos ainda não mostram o guia-fio montado ). O curso do carro é de cerca de 30~40 cm; é bastante para enrolar qualquer tamanho de carretel.

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Começam os ajustes. Há uma folga "molumental" no movimento lateral do carro, cerca de 0,5 mm que, com certeza, é resultado do desgaste do mecanismo de desengate. A propósito, o Dr. Vozáry incluiu um mecanismo de proteção bastante interessante; há um pino que empurra a cremalheira para trás caso o carro se desloque a ponto de colidir com o suporte do contraponto. Não entendi bem a necessidade desse recurso, pois, para o lado oposto, não há proteção nenhuma... O funcionamento dessa proteção ficou comprometido com o tempo; há um desgaste pronunciado na cunha entalhada na cremalheira que não pode ser recomposto e que impossibilita que a proteção funcione. Na minha opinião, ela não era eficaz nem quando a máquina era nova e eu levei menos de 30 segundos para idealizar um mecanismo mais efetivo e que funcionasse em ambas as direções...

(https://i.postimg.cc/65xNPY4F/DSC08446.jpg) (https://postimages.org/)

Já que a genial proteção não funciona e não pode ser recuperada, resolvi usar o mecanismo em questão para remover a folga do carro. Retirando-se cerca de 7 mm da ponta do pino, no lado que encosta na cremalheira, abre-se espaço para se colocar uma mola que empurre o pino contra a cremalheira. O resultado é que a folga desaparece, o mecanismo é auto-adaptativo e o carro desloca-se sem folgas no sentido horizontal.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 23 de Maio de 2020, as 22:02:54
Quando tudo está dando certo, é sinal de que algo está dando errado, e o meu amigo Murphy apareceu ( por sorte, não veio abraçado ao Covídio ) na hora em que fui girar a alavanca que desengata a cremalheira. Como foi preciso montar a cremalheira girada em 180º para que o pino não se apoiasse sobre o entalhe, é claro que faltou curso na rosca do eixo da cremalheira para trazê-la para trás o suficiente. Não desengatou e eu não consegui ajustar o mecanismo para que o desengate voltasse a funcionar com a cremalheira girada em 180º. Logo, foi necessário partir para outra solução, que não ficou tão boa mas proporcionou um resultado dentro das expectativas.

O jogo do carro, na verdade, é de cerca de 1 mm e precisa ser removido ou não será possível enrolar fio fino na bobinadeira. Imagina enrolar um fio 44 ( diâmetro 0,070 mm ) numa máquina cujo carro tem um jogo equivalente a quase 15 espiras...traduzindo: a máquina enrola 15 espiras antes que o carro comece a se mover após uma reversão, então, imagina a bagunça no começo da camada... definitivamente não é padrão Schatz...

Foi identificado que o jogo do carro era o resultado de duas folgas, uma entre o corpo da cremalheira e o carro, e outra entre o eixo roscado e o "tampão". Não sendo possível usinar novas peças, optei por remover as folgas com dois encostos. A folga entre a cremalheira e o carro foi eliminada com um parafuso e contraporca.

(https://i.postimg.cc/gJtmjWBB/DSC08447.jpg) (https://postimages.org/)

A folga no eixo de acionamento foi eliminada com um pinhão rosqueado no "tampão".

(https://i.postimg.cc/MHcxjFCZ/DSC08450.jpg) (https://postimages.org/)

O pinhão é acessível externamente através de um furo no carro. É possível que seja necessário usar um pinhão mais comprido e uma contraporca caso o pinhão se desajuste durante a operação da máquina. A folga importante a ser eliminada é a da cremalheira; eliminar a folga do eixo de acionamento é apenas um refinamento que permite reduzir um pouco mais o jogo do carro.

(https://i.postimg.cc/3NPhjZhX/DSC08449.jpg) (https://postimages.org/)

Com a implantação desses encostos foi possível reduzir o jogo para menos de 0,1 mm. Esse jogo é satisfatório para o tipo e classe do "produto" e vai permitir que a máquina enrole o fio 44 sem problemas.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 27 de Maio de 2020, as 22:06:06
Folgas, folgas e mais folgas. Com efeito, essa máquina foi chicoteada até estrebuchar, não sem depois seguirem usando o que restou...

As alavancas seletoras da caixa Norton precisaram de toda sorte de ajuste. Não sendo suficiente ter de emendar a alavanca frontal, descobriu-se que a caixa trancava nos passos maiores quando se montou o fuso e o carro, devido ao esforço que as engrenagens das alavancas são submetidas. As engrenagens que estão montadas nas alavancas e que engrenam na árvore principal se deslocavam no sentido horizontal e acavalavam nas engrenagens ao lado da engrenagem selecionada da árvore. O primeiro passo foi fazer buchas novas ( mais uma vez, obrigado ao Thiago ) de bronze ( que material mais carinho ! ) e isso resolveu o acavalamento da engrenagem da alavanca traseira.

A solução da alavanca dianteira foi mais cara. A alavanca, feita de latão, desgastou-se no ponto onde ela toca o painel frontal da máquina. Com isso, a engrenagem seletora avançava demais sobre a árvore e o esforço nas posições mais baixas ( onde as engrenagens da árvore têm poucos dentes ) empurrava a engrenagem seletora de tal modo que tudo trancava. A bucha nova melhorou o cenário, mas o problema continuou nas duas primeiras posições. A solução foi tirar o desgaste da alavanca.

(https://i.postimg.cc/50T5hVHM/DSC08451.jpg) (https://postimages.org/)

O ideal seria preencher o desgaste com solda de latão, mas o tio da oficina de soldas não se sensibilizou com a minha causa e orçou um preço muito caro pelo serviço. Resolvi eu mesmo o problema com uma tira de chapa de aço soldada a estanho mesmo ( só vai sofrer compressão...). A tira de aço ainda vai reforçar a emenda da alavanca, pois fica exatamente em cima da junção das duas peças. Não foi possível colocar um encosto ( como pensei inicialmente ) porque o parafuso que emenda as duas metades da alavanca passa exatamente onde eu precisaria abrir o furo para rosqueá-lo...

(https://i.postimg.cc/yNNFWdcH/DSC08452.jpg) (https://postimages.org/)

Com a engrenagem da alavanca na posição correta, a primeira marcha passou a funcionar corretamente. Mas a quarta marcha ( nº 3 ) trancou. É que a diferença no diâmetro entre a quarta e a quinta engrenagem é grande e essa última chegava a raspar no corpo da alavanca. Em eras pregressas, devido às folgas e ao jogo do mecanismo, chegou mesmo a arrebentar a borda da alavanca junto à bucha de bronze. A engrenagem seletora é mantida em posição por um batente ( que fica à sua frente ) de latão ( sempre latão... não conheciam aço temperado naquela época ? ), devidamente desgastado pelo uso. Com o desgaste e devido ao esforço, a engrenagem vem " para o lado " e o eixo sai um pouco da bucha, permitindo que o conjunto ceda um pouco e, assim encoste na engrenagem da árvore. O batente, de formato irregular, precisaria ser feito na fresadora, mas eu resolvi o problema com um parafuso cônico apoiado na própria bucha de bronze. Por sorte, o eixo gira no sentido de apertar o parafuso, de forma que não se espera que ele afrouxe. Essa maneira de segurar o eixo dentro da bucha com um parafuso é usada na engrenagem da outra alavanca.

(https://i.postimg.cc/3JJrsvTY/DSC08457.jpg) (https://postimages.org/)

Finalmente, todas as marchas funcionaram. Mas que dificuldade trocá-las. Ah, é porque as engrenagens seletoras não vêm " para trás " o suficiente e batem nos dentes das engrenagens da árvore. OK, mais um ajustezinho nas alavancas e foi possível movê-las de um lado para o outro sem precisar ajeitar a posição das engrenagens girando o eixo principal.

(https://i.postimg.cc/fyHsz8NZ/DSC08458.jpg) (https://postimages.org/)

Às vezes, eu tenho o sentimento de que essa máquina foi um protótipo...


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 28 de Maio de 2020, as 22:20:36
Segue a montagem da máquina, agora com o acionamento da reversão.

A reversão do movimento do carro é comandada por dois batentes presos à haste que comanda o flip-flop mecânico. Os batentes são presos por meio de parafuso e, claro, tudo em perfeito estado de degradação. Um dos batentes que veio na máquina ainda era o original de latão ( mais latão ); o outro, já havia sido substituído por um de aço. O batente de latão tem quatro furos, todos com a rosca espanada ( sim, é latão... ) e o de aço tem dois furos, também com a rosca espanada. Com só um parafuso em cada batente, o aperto necessário para impedir que o batente deslize sobre a haste é considerável; com o aperta/afrouxa do parafuso, não há rosca que aguente, assim o antigo usuário ia abrindo novo furo e nova rosca.

A haste de comando original é de aço 1020 comum ( não é latão, pelo menos ). Apertando até "sair água", o parafuso marca a haste de comando com uma mossinha que depois impede o livre movimento do batente. A cada novo ajuste, outra mossa é formada, de modo que a haste está toda metralhada, com os batentes deslizando com dificuldade. Eu até ia deixar assim e apenas lixar a haste para amenizar o problema, mas resolvi liquidar com ele de vez. Fiz uma haste nova de aço-prata que é muito mais duro do que aço comum e não marca com facilidade. O Thiago fez dois batentes novos que, agora têm dois parafusos de aperto. Não será mais necessário fazer sair água dos parafusos para firmar os batentes na posição desejada.

A haste tem uma manopla na ponta ( de latão, muito bonita ), para permitir o comando da reversão com a mão. Exatamente na mesma ponta há um rebaixo na haste; esse rebaixo passa através de um meio-furo na peça que sustenta a haste na ponta do tubo-guia junto ao contraponto, cujo intuito é impedir que a haste gire sobre si mesma, mantendo os parafusos de aperto sempre "para a frente". Esse rebaixo fragiliza a rosca que prende a manopla ( pois ela fica uma meia-rosca ) e precisaria ser feito na fresadora. Optei por fazer um terceiro batente, um pouco menor, ao qual se fixou um pino elástico, como mostra a figura abaixo.

(https://i.postimg.cc/ZKM3fwFp/DSC08454.jpg) (https://postimages.org/)

Esse terceiro batente agora vem servir como elemento de segurança contra um eventual deslizamento do batente do lado direito, já que o genial dispositivo de proteção Vozáry não pode mais ser recuperado. Caso o carro avance sobre o contraponto devido ao eventual deslizamento do batente direito, o terceiro batente aciona a inversão o carro empurrado pelo batente deslizante através de um tubo de alumínio que desliza sobre a haste de comando. Esse terceiro batente é preso à haste com dois pinhões e os pontos onde os pinhões pegam na haste foram rebaixados, de forma que será "impossível" que ele deslize, mesmo sob as condições mais adversas.

(https://i.postimg.cc/K8hcvLmC/DSC08455.jpg) (https://postimages.org/)

Ao montar o suporte do contraponto ficou claro porque a atuação do dispositivo de proteção Vozáry só é necessária para a direita. É que o suporte pode ser movido sobre o tubo-guia e o carro precisa de uma proteção que funcione não importando onde o suporte do contraponto é fixado. Com a proteção desativada ( eu cortei o pino, lembram ? ) o contraponto precisará ficar fixo no extremo do tubo-guia. Isso não é um problema, pois nossas formas são compridas e ocuparão quase toda a largura livre da máquina. Caso seja necessário realocar o suporte do contraponto, basta cortar um novo tubo de alumínio, no comprimento adequado.

Por que o dispositivo Vozáry não é necessário para o lado esquerdo ? É que o "ponto'" é fixo e a proteção contra deslizamento do batente para a esquerda pode ser feita simplesmente com um pino cravado na haste de comando. Eu cravei um pino elástico na haste nova, como se vê na foto abaixo. Ele entrou tão apertado que nem conseguiu atravessar a haste... é para não sair mesmo.

(https://i.postimg.cc/LX88FpmX/DSC08456.jpg) (https://postimages.org/)

A nova haste ficou tão boa, feita em aço-prata, que irei substituir a haste da Goller por uma desse material. Essa está mesmo toda bordada e metralhada ( O Dr. Engelbert Goller também não conhecia aço temperado, ou mesmo aço-prata, embora não usasse latão ).


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: Matec em 28 de Maio de 2020, as 22:56:13
Está  ficando muito bem feita essa reconstrução! Pena que muitos dos itens originais acabaram por se perder. Você está reconstruindo praticamente metade da máquina. A metade funcional! Parabéns novamente pela sua empreitada!

 :tup


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 29 de Maio de 2020, as 14:58:42
Olá, Márcio:

Bom, até agora a única peça que se "perdeu" foi o botão de zeramento. Outros tiveram de ser substituídos por causa do desgaste, combinação de mau uso, excesso de uso e uso de peças de... latão !

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Chegou a hora de fechar a máquina. O primeiro passo é lubrificar o mecanismo; graxa nas engrenagens e nas peças que deslizam, óleo nos eixos embuchados. Sempre com parcimônia. Os rolamentos, alguns dos quais são abertos, já foram lubrificados no momento da montagem.

(https://i.postimg.cc/L5TP5r9J/DSC08459.jpg) (https://postimages.org/)

Por falar em rolamentos, os mesmos são montados em porta-rolamentos ( de latão, claro... ) que são rosqueados nas laterais da máquina. Há cinco deles, e cada um é travado com um pinhão. É hora de conferir a folga nos eixos, fazer um último ajuste na posição dos rolamentos e travar os porta-rolamentos sem arrochar o pinhão !

(https://i.postimg.cc/P5cwCbjQ/DSC08453.jpg) (https://postimages.org/)

Os painéis frontal e posterior já estão prontos há dias. Faltava pintar a tampa e a janelinha do contador. A tampa, coitadinha, foi conformada na perna de algum funcionário do Dr. Vozáry e o curvamento da chapa é todo irregular. O tempo e o uso encarregaram-se de acrescer arranhões, marcas e ferrugem, além de infinitas camadas de tinta verde. Removedor de tinta e fosfatizante, aliados a uma afiada escova de aço, deixaram a chapa da tampa livre da ferrugem e da tinta. Após endireitar o que estava torto e empenado com martelo e bigorna plana, aplicou-se Wash Primer anticorrosivo e fundo PU catalisado ( acabamento Schatz #2 ). O fundo serve para preencher as mossas, arranhões e imperfeições da chapa, e esse fundo PU é simplesmente uma pequena maravilha da Química Moderna. Após generosas camadas de fundo seguidas de lixamento, a tampa recebeu tinta PU azul Schatz. O resultado pode ser visto abaixo.

(https://i.postimg.cc/85CQxv7x/DSC08467.jpg) (https://postimages.org/)

A janelinha do contador também recebeu pintura em azul. Na hora da montagem, descobri que faltava a única peça plástica da máquina: uma lâmina transparente para proteger os algarismos da poeira. Essa lâmina, montada por dentro da janelinha, provavelmente era de celulóide, ficou opaca com o tempo e há muito foi removida. Hoje temos materiais bem mais estáveis e resistentes; usei um pedaço de poliéster transparente, que ficou perfeito e vai durar "para sempre".

(https://i.postimg.cc/cC8jNB0k/DSC08469.jpg) (https://postimages.org/)

A plaquinha do fabricante foi polida para destacar os escritos em alto-relevo e envernizada com verniz acrílico. Ficou supimpa !

(https://i.postimg.cc/zfGqY6Md/DSC08470.jpg) (https://postimages.org/)

A máquina com a tampa finalmente montada:

(https://i.postimg.cc/x1tS5gCL/DSC08461.jpg) (https://postimages.org/)

Por fim, é interessante fazer a comparação do "antes" e do "depois"... seguem as fotos para apreciação, mas olhem com bastante cuidado senão as diferenças não serão notadas. Porque, no final das contas, foi só feita uma limpezinha e aplicado um pouco de tinta...

(https://i.postimg.cc/FK06xxQs/DSC08339-red.jpg) (https://postimages.org/)
(https://i.postimg.cc/7P08dqhH/DSC08462-red.jpg) (https://postimages.org/)




Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: kem em 29 de Maio de 2020, as 21:15:51
A.sim... Parabéns... Um primor de restauração. Da gosto de ver.
 (aplaus)


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: Antonio de Campos Junior em 29 de Maio de 2020, as 22:13:20
A.Sim,

Parabéns pela restauração da máquina, muito capricho nos mínimos detalhes!

Ficou lindona!

 (aplaus) (aplaus)


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: xformer em 29 de Maio de 2020, as 22:45:04
Parece nova como recém retirada da fábrica, na verdade muito melhor.

Será que há algum parente do G. Vozary ou ex-funcionário da fábrica que lembraria dessa máquina e desse uma olhada nessa restauração ?  Com certeza haveria comoção por rever algo tão bem feito.


Título: Re: Bobinadeira antiga
Enviado por: A.Sim em 29 de Maio de 2020, as 23:06:55
Pois então. Encontrei o obituário do Dr. Vozáry, "Diário da Noite" de 15 de Julho de 1964 http://memoria.bn.br/pdf/221961/per221961_1964_12119.pdf (http://memoria.bn.br/pdf/221961/per221961_1964_12119.pdf):

" Sr. Geza Vozary: Faleceu ontem, nesta capital, aos 68 anos de idade, o sr. Geza Vozary, casado com d. Ana Vozary. Deixa uma filha d. Suzana Vozary Mesa Campos, casada com o sr. Oswaldo Mesa Campos. Deixa três netos... "

Eu procurei pela família Vozáry e nada encontrei, decerto porque os filhos da d. Suzana não receberam o sobrenome da mãe. Tanto a d. Suzana quanto o sr. Oswaldo já são falecidos, pois aparecem os processos sucessórios na internet. É possível, entretanto, procurar pelos filhos do casal, que ainda devem estar vivos.

Segue a procura. Pelo menos, até aparecerem os comentários tipo "não sei qual a relevância dessas informações para a maioria do pessoal daqui" e "não entendi o questionamento do colega sobre onde ele trabalhou e quando morreu, e que idade teriam seus contemporâneos e alunos". Coisa de geração sem memória...


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